Crítica | Logan
X-Men foi um dos primeiros filmes de super-heróis a ser transformado em longa para as telas de cinema, e 17 anos atrás nascia o Wolverine de Hugh Jackman, um dos melhores personagens na franquia criada ao longo deste tempo, que agora retorna em Logan.
O terceiro filme solo de Wolverine se passa em 2029, onde os mutantes são praticamente extintos, e acompanhamos Logan (Jackman) já muito cansado de tudo e trabalhando como um motorista de limusine – já que precisa de dinheiro para conseguir remédio – e cuidando de Charles Xavier (Patrick Stewart), com a ajuda de Caliban (Stephen Merchant), que sabe o quanto está difícil nos últimos tempos, já que Xavier está muito velho e seus poderes já podem ser um grande perigo.
Logo no começo do filme já é estabelecido o estado do personagem, cansado e desistindo da vida e que pela idade seus poderemos já não são mais como antes. Com uma representação de referencias dos quadrinhos, vemos que mesmo respirando e andando – mesmo que já mancando - a melancolia e o álcool são uma forma de escape, mostrando como Wolverine se sente culpado por ocorridos do passado e que essa é a maneira de seguir em frente e esquecê-los. O clima do filme nos leva para a decadência – tanto do ambiente quanto dos personagens - e como James Mangold trabalha isso bem, com suas diferenças de planos abertos e fechados, no deixando a parte daquele universo como está hoje e de uma forma que nos conectamos com os personagens.
Com a forte influencia de Os Brutos Também Amam, de 1953, - que passa em certo momento do filme – fala de um pistoleiro que se isola para fugir de seu passado, e essa é a temática do filme hoje, é isso o que Logan assume em seu cenário wester que vive com Xavier.
Patrick Stewart destrói tudo como sempre, brilhando como um Xavier muito mais velho e debilitado. Mas quem ganha cena mesmo é Laura - X-23 - (Dafne Keen), que mesmo com todos os ocorridos e que tem seu lado selvagem, ainda é uma criança doce. Donald Pierce (Boyd Halbrook) poderia ganhar mais foco e não ser apenas um capanga, mas seu papel acaba funcionando muito bem como um antagonista.
Mangold também soube aproveitar muito bem sua classificação, não só pela violência que é muito necessária no filme, mas também pelo fato do filme ser maduro, o personagem envelhece e a história tem que seguir o mesmo ritmo. E reparamos nisso em muitos diálogos que nos fazem entender como tudo ficou assim, e nos fazer pensar durante e depois de assistir.
Os trailer são lindos por sua trilha sonora, usando ¨Hurt¨ de Johnny Cash e ¨Way Down We Go¨ do Kaleo, e já nos explicam ali qual será a premissa. Já durante o filme é muito diferente, já que a trilha sonora não é destacada, mas Mangold acerta ao colocar em certo momento “The Man Comes Around”, de Johnny Cash, que simboliza como Logan está morto por dentro.
Logan chega em você com uma garra na cara e consegue alcançar todas as expectativas colocadas em cima, nos fazendo questionar o passado e o presente, a vida e a morte, e como isso atinge não só você, mas aqueles em volta também. Jackman consegue encerrar muito bem seu ciclo como Wolverine, ensinando que seu personagem não é um animal como todos achavam, mas sim que ele também é humano.
Nota: 5/5