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Review | Resident Evil 7: Biohazard


Resident Evil sempre foi uma franquia de games aclamada, sendo em sua primeira trilogia, consagrando o gênero de Survival Horror nos consoles, ou no inovador quarto game da franquia, que serviu de total base para jogos de tiro em terceira pessoa. Até mesmo os não tão aclamados Resident Evil 5 e 6 trouxeram suas inovações mais sutis, como o co-op – novidade na franquia – e a possibilidade de atirar andando. Agora, a Capcom promete mais uma inovação na saga de jogos: o primeiro jogo da franquia principal em primeira pessoa, como uma tentativa de dar maior imersão ao jogador, e Resident Evil 7 é exatamente isso, um jogo bastante imersivo.

Seja por sua jogabilidade inovadora ou pelo fato do jogo se distanciar – pelo menos de início – com as propostas de Resident Evil de sempre trazer uma arma biológica como grande inimigo, o sétimo jogo foi rondado em receios por parte dos fãs mais tradicionalistas. O fato de um personagem – não conhecido – estar em uma casa e ser caçado por uma família de psicopatas também não remetia a ninguém a verdadeira essência dos jogos, mas logo de início todo este temor pode ser dissipado: Resident Evil 7 é, mais do que tudo, um Resident Evil.

Logo de início toda a ambientação do novo jogo da franquia e os lindos gráficos servem como grandes impulsionadores para o terror. A câmara em primeira pessoa, que contribui para uma experiência muito mais pessoal e íntima, faz com que o jogador realmente se ponha no lugar do protagonista Ethan Winters. A casa da família Baker, os grandes vilões da trama, remete bastante à famosa mansão Spencer, local que exploramos no primeiro game da franquia com Chris e Jill, o que traz uma grande sensação de nostalgia. Essas referências sutis não param por aí: a volta de puzzles e da necessidade de exploração às cegas lembram muito a primeira trilogia da série. Além disso, a volta do Survival Horror, agora um pouco mais modernizado, tendo como base jogos como Silent Hills, Amnesia e Outlast, é definitiva.

A trama do jogo é envolvida em diversos mistérios que acabam sendo respondidos por meio de algumas notas que o personagem pode encontrar durante a jogatina, e alguns outros mistérios acabam simplesmente sendo ignorados, numa espécie de omissão por parte dos produtores, que preferem criar mais algumas perguntas nos minutos finais de jogo, fazendo com que a história não seja o ponto mais forte.

Por outro lado, a jogabilidade de Resident Evil 7 mostra a que veio. Tendo como parâmetro jogos de terror em primeira pessoa mais recentes, o game consegue facilmente manter a essência que a Capcom criou nos últimos 20 anos por meio de sutilezas que somente um jogador tradicionalista de Resident Evil conseguiria captar – como, por exemplo, a banheira cheia que possui alguma chave no fundo, as portas com seus símbolos diferentes e os cômodos com algum tipo de monstro. Os Mofados – os tais “zumbis” do jogo – também não decepcionam. Por mais que sejam bastante diferentes das armas biológicas dos primeiros jogos da franquia, eles remetem, em alguns aspectos, diferentes criaturas de todos os seis jogos. Além disso, a grande arma biológica – e consequentemente, o maior mistério – do jogo tem relação direta com os monstros.

Entretanto, o ponto mais forte do jogo fica por conta da grande imersão que os produtores conseguem entregar. Além da possibilidade de usar o VR, contribuindo ainda mais para uma experiência única de jogabilidade – ainda mais porque a campanha inteira pode ser jogada em realidade virtual -, durante todo o jogo é possível perceber o esforço da Capcom em entregar um jogo íntimo e que fosse possível para o jogador se identificar facilmente com o protagonista – por isso a escolha de não trazer Chris, Leon e Jill para o jogo, optando para um personagem que não tem treinamento e que fosse mais “comum”. O fato do jogo não dar dicas quanto ao que você deve fazer contribui para desafiar o jogador a pensar por si mesmo, assim como os primeiros games da franquia. A falta de munição – característica rara nos últimos dois jogos da franquia principal – volta com tudo nesse sétimo jogo, e é bem difícil de administrar, ainda mais sabendo que Jack Baker pode aparecer a qualquer momento e te forçar a gastar sua preciosa munição.

A dificuldade do jogo é bastante dinâmica, ou seja, se você joga muito bem o jogo se adapta e, basicamente, tenta dificultar. Se você joga muito mal, e morre bastante, o jogo também se adapta e tenta facilitar de alguma maneira – claro que essas adaptações feitas pelo computador são bastante sutis. Porém, a maior dificuldade do jogo está na sua imprevisibilidade. Não são raros os momentos que um membro da família Baker chega repentinamente e te ataca ou começa a te perseguir de maneira aflitiva. O pensamento rápido é inerente durante toda a campanha, e caso isso não dê certo, sempre há o clássico “tentativa e repetição”.

Infelizmente, nem tudo é uma maravilha em Resident Evil 7. O jogo, por mais que divirta bastante e reserve ótimos sustos, possui uma campanha curta demais. Em um anúncio, o produtor do game havia dito que o game demorava em torno de 15 horas, variando com a habilidade de cada jogador, porém, terminei o jogo em apenas 10 horas, mesmo jogando lentamente, indo em busca de todos os itens e tesouros e jogando na dificuldade normal. A decepção é inevitável, ainda mais porque assim que o jogo termina – com um final totalmente aberto e sinceramente, até meio incompleto –, fica a sensação de que poderiam ter feito algo muito mais longo – até porque Ethan nem enfrenta um dos membros da família. Além disso, a falta de conexão da trama com os jogos anteriores é imensa, o que faz com que o jogo mais pareça um ótimo derivado, com uma história mais interiorana e fora da linha cronológica principal, do que qualquer outra coisa. Com a subida dos créditos fica o sentimento de que o sétimo jogo mais parece um ótimo Resident Evil 6.5.

Resident Evil 7 é um ótimo jogo de terror. Depois de a saga de jogos ter se voltado para a ação e perdido sua essência com os últimos dois games, a Capcom finalmente parece ter reencontrado o caminho que fez da franquia o sucesso que é hoje. Optando por modernizar a franquia com uma jogabilidade mais pessoal e íntima, a produtora finalmente trouxe o Survival Horror tão requisitado pelos fãs. Com uma ambientação magnífica, e com vilões tão assustadores quanto os próprios monstros do jogo, Resident Evil 7 é um show visual e um retorno – mesmo que metafórico – à maravilhosa e tenebrosa mansão Spencer. Porém, peca por ser um jogo curto demais – não aproveitando o potencial que tinha para uma campanha bem mais longa – e por não parecer uma continuação de Resident Evil 6, mas sim um derivado bem produzido. Querendo ou não, as ligações nas tramas são essenciais, e mesmo que a Capcom opte por não mostrar personagens icônicos no novo jogo da franquia, a falta de coesão na cronologia decepciona.

[O jogo foi testado em um Playstation 4, sem a tecnologia de virtualidade real]

Nota: 4/5

Ficha Técnica:

Desenvolvedor: Capcom

Gênero: Survival Horror

Plataforma: Playstation 4, Xbox One, Computador.

HOLANDÊSVOADOR

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