Crítica 2 | Passageiros
[O texto abaixo contém spoilers. Leia por sua própria conta e risco]
Certa vez, Isaac Asimov disse: “Nunca deixe o seu senso moral impedir você de fazer o que é certo” e depois de assistir a Passageiros e realmente entender a essência do dilema que o filme trata, é impossível não remeter a essa frase. Como toda ficção científica, o filme te leva a refletir sobre algo assim que o filme termina. Em algumas ficções científicas, o espectador é levado a refletir sobre as ações humanas em relação à natureza; em outras, a maneira como as máquinas podem ser perigosas. Nesta, o dilema que cerca toda a atitude do protagonista, interpretado por Chris Pratt, é a maneira com que o homem lida com a solidão e o egoísmo de um personagem para poder rechaçar essa solidão.
Passageiros é de cara o que promete: uma ficção científica recheada de um romance polêmico. A trama se passa em um futuro distante, não definido, em que uma empresa chamada Homestead possui diversas colônias habitáveis pelo universo e oferece moradia a todos os humanos que desejam sair do planeta Terra. Somos levados de início a conhecer a Starship Avalon, que transporta cinco mil passageiros e 258 membros da tripulação, todos rumo à Homestead II, em uma viagem com duração de 120 anos. Todas as pessoas da nave estão em estado de hibernação, sobrevivendo em cápsulas feitas pela companhia. Tudo muda quando a Avalon atinge um imenso meteoro que acaba dando pane na cápsula de Jim Preston (Chris Pratt), um passageiro, acordando-o 90 anos antes do tempo. Preston sobrevive cerca de mais de um ano sozinho na nave, quando encontra Aurora Lane (Jennifer Lawrence) em uma cápsula, e enfrente um dilema: continuar sozinho pelo resto da vida ou acordá-la e finalmente conseguir alguma companhia humana.
O elenco do filme, por mais que seja pequeno, é muito bem estrelado. De um lado, a queridinha de Hollywood e vencedora do Oscar, Jennifer Lawrence. Do outro, mais um queridinho de Hollywood que está nas grandes franquias de sucesso (Marvel, Jurassic Park e agora em uma ficção científica), Chris Pratt. A química entre os dois atores é inegável, e a maneira como os dois conseguem conduzir o filme sozinhos é impressionante. Além disso, eles contam com a companhia de Michael Sheen (Masters of Sex), interpretando um dos androides mais cínicos e mais engraçados que o cinema já viu, apagando logo de cara possíveis comparações com os androides malignos de Ridley Scott.
A direção de Morten Tyldum (O Jogo da Imitação) também não decepciona. Seja na criação visual da Starship Avalon, ou nas cenas de ação, o trabalho competente do diretor é bastante evidente. Além disso, é muito interessante a maneira com que o diretor concilia drama, comédia, romance e ficção científica em apenas um filme. Fica até difícil classificar o filme já que ele tem de tudo (e não digo isso depreciando o filme, mas elogiando-o). Todo esse contraste de gêneros contribui para que o filme não se torne cansativo com as diversas conversas entre os dois protagonistas. A maneira com que Tyldum e o roteirista Jon Spaights conseguem inserir, sutilmente, a reflexão sobre egoísmo e individualismo no filme também é maravilhosa. A trilha sonora é outro ponto alto de Passageiros. Composta por Thomas Newman, que trabalhou em filmes como Beleza Americana e Ponte dos Espiões, a trilha trabalha de forma quase harmoniosa com o que está em tela, sendo praticamente inerente ao filme.
Toda a trama e do filme também é incrível. Roteirizado por Spaights (conhecido por seu trabalho em Prometheus e A Hora da Escuridão), o filme traz um pouco de tudo e além de divertir e entreter, também traz reflexões em relação à moral do personagem de Chris Pratt. Todo o romance do filme é muito bem construído e aparenta ser natural e espontâneo, ao mesmo tempo em que a trama que segue a linha de ficção científica vai ganhando força durante toda a história. O mais interessante de tudo é poder ver todo esse romance que surge a partir do egoísmo do homem que conduz o filme, embutido em uma ficção científica de grande qualidade, fugindo, assim, de vários clichês de ficção científica.
Passageiros é uma boa surpresa. Recheado de ação, comédia, romance e vários elementos próprios de ficção científica, o filme foge de clichês e traz uma trama inteligente e reflexiva. Com um elenco incrível e uma direção bastante competente de Morten Tyldum, Passageiros é uma ótima ficção científica e um romance ainda melhor – mesmo que bastante polêmico de início. Ao tratar do egoísmo do protagonista e da sua tentativa de acabar com a solidão em que se encontra, o filme relaciona muito bem todo o dilema construído em cima da atitude de Jim Preston e toda a parte de ficção científica – com cenas de ação muito bem filmadas e com androides e naves futuristas. Portanto, é um filme para fãs do gênero de ficção científica, ao mesmo tempo em que é para os fãs de comédia, drama, romance e ação; ou seja, é um filme para todos.
Passageiros é uma boa surpresa. Recheado de ação, comédia, romance e vários elementos próprios de ficção científica, o filme foge de clichês e traz uma trama inteligente e reflexiva. Com um elenco incrível e uma direção bastante competente de Morten Tyldum, Passageiros é uma ótima ficção científica e um romance ainda melhor – mesmo que bastante polêmico de início. Ao tratar do egoísmo do protagonista e da sua tentativa de acabar com a solidão em que se encontra, o filme relaciona muito bem todo o dilema construído em cima da atitude de Jim Preston e toda a parte de ficção científica – com cenas de ação muito bem filmadas e com androides e naves futuristas. Portanto, é um filme para fãs do gênero de ficção científica, ao mesmo tempo em que é para os fãs de comédia, romance e ação; ou seja, é um filme para todos.
Nota: **** ótimo.