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Crítica | Pets - A Vida Secreta dos Bichos


Dos mesmos estúdios que trouxeram 'Meu Malvado Favorito (2)' e o recente 'Minions', chega a aguardada animação 'Pets - A Vida Secreta dos Bichos' prometendo retratar o que os animais fazem quando as pessoas não estão olhando. Uma ideia promissora e interessante que acaba sendo prejudicada pela falta de originalidade e pontualidade do roteiro assinado por Brian Lynch ('Minions', 'Gato de Botas').

Expectativa certamente costuma ser um dos maiores inimigos do cinema. A animação claramente não obteve o mesmo apelo comercial que seu antecessor da Illumination Entertainment, o sucesso de bilheterias 'Minions', mas com uma premissa cativante e instigante de retratar como é a vida dos bichos quando seus donos se ausentam, 'Pets' passou a ser um blockbuster com um nível considerado de expectativa.

Sinopse: Tudo se passa num edifício de apartamentos (?) em Manhattan, a vida de Max como animal favorito vai por água abaixo, depois de sua dona levar para casa um desleixado cão chamado Duke. Eles tiveram que esquecer as discussões que tinham diariamente, após descobrirem que um adorável coelho branco chamado Bola de Neve estaria a criar um exército de animais abandonados para se vingar dos animais de estimação, felizes com os seus lares e os seus donos.

Sim, a própria dissimulada sinopse já revela alta semelhança com a franquia Toy Story, mas a inspiração em um pano de fundo utilizado para criar um universo ativamente ficcional de um ponto de vista teórico não necessariamente é prejudicial para um filme. Fórmulas de background se repetem desde os primeiros anos do cinema. As falhas de 'Pets' começam justamente por inverter a repetição da fórmula. Em poucos minutos de projeção, já é notória a semelhante construção de roteiro com o sucesso da Pixar. De personagens com as mesmas características físicas e de personalidade a uma cena de perseguição de carros no terceiro ato, a sensação de dejavu é incômoda e faz-se lembrar que tudo se trata de um teatro - mesmo por ser uma animação com animais falantes, até mesmo um filme com brinquedos na mesma posição social pode ser crível de um ponto de vista narrativo. Fica a sensação que Pets funcionaria muito melhor se arriscasse em um roteiro mais autoral, com um background inspirado no de Toy Story.

A premissa prometia focar no que os bichos fazem quando os humanos não estão por perto, e certamente é o foco do filme em termos de história, mas o roteiro vai muito além de causar a sensação do "e se fosse assim?". Por mais surreal que seja o fato de animais que conversam e frequentam festas e gangues, a magia do questionamento citado anteriormente fica muito distante ao segundo ato quando o filme começa a se perder no raso desenvolvimento de tantos personagens na mesma história.

Mas Pets está longe de ser uma aberração. Vale lembrar que esta crítica é feita por uma pessoa de 26 anos e isso prova que não sou o público alvo principal - por mais que as animações tendem a divertir o público mais velho em uma escala diferente. Partindo de um ponto de vista técnico, o trabalho de animação do filme beira a perfeição. Isso fica muito mais evidente em planos panorâmicos e, mais visivelmente ainda, nas águas. O mesmo beneficia o carisma dos personagens, tanto como expressões faciais que representam claramente o que está sendo sentido, quanto o ótimo trabalho de voz de atores como Louis C.K. (Danton Melo), Eric Stonestreet (Thiago Abravanel), Jenny Slate (Tatá Werneck) e, principalmente, o hilário trabalho de Kevin Hart como o coelho gangster Bola de Neve na versão original (no Brasil é redublado pelo engraçadíssimo Luis Miranda, aqui prejudicado justamente pela língua - o coelhinho funciona mais falando em inglês pela linguagem gangster do Brooklyn).

A relação entre os bichos e seus donos também é um acerto de Chris Renaud. Qualquer amante de animais vai se identificar com a forma como tais relacionamentos são retratados. A lealdade dos cães, a indiferença esnobe do gato (este também representado de forma hilária) e até mesmo um pássaro na gaiola. Tal empatia é altamente importante para um filme como Pets. É neste ponto que os adultos vão ser levados pelo filme, caso consigam desligar a semelhança com um grande sucesso de suas infâncias.

Não que o público infantil se importe com problemas de roteiro e narrativa, mas a falta de se arriscar e com a persistência em repetir uma fórmula consagrada, Pets esquece de contar uma boa e envolvente história que marque a infância de seus espectadores. O público dos anos 2010 é energeticamente diferente do público de 1995.

HOLANDÊSVOADOR

Embarcando no cinema

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