Crítica | Pixels - Adam Sandler repete fórmula, mas cumpre proposta
Filmes do Adam Sandler se tornaram, praticamente, um gênero independente na comédia. Na maioria de seus trabalhos na sua Happy Madison, há uma fórmula repetitiva e de finais previsíveis: primeiro somos apresentados aos personagens ainda na infância, algo acontece lá que será importante no terceiro ato e, normalmente, há um interesse amoroso para o solteirão de 40 anos. E quando o ator altera pontos na fórmula, é quando costuma acertar ainda em comédias pastelão, como em 'Click', onde há uma maturidade no roteiro, e no divertidíssimo 'Gente Grande' (o primeiro), onde acontece um filme sem objetivo, mas com um timing certeiro para o humor.
Talvez por isso seja raro ligar o nome Adam Sandler a grandes obras e atuações de destaque. Existem 2 filmes recentes em que o ator se leva a sério e surpreende em tela, são eles: 'Homens, Mulheres e Filhos', de Jason Reitman, e o ótimo 'Trocando os Pés', de Thomas McCarthy.
Em 'Pixels', Sandler retorna com a imaturidade nas mãos de Chris Columbus (Harry Potter, Percy Jackson, Esqueceram de Mim). Não que seja desinteressante ver um adulto bobalhão com intuito de gerar gargalhadas, mas o problema é a insistência de Sandler no mesmo personagem. Chris usa deste artifício para criar empatia com as duas gerações, querendo divertir o público mais velho com referências e homenagens aos anos 80 (games, músicas), ao mesmo tempo em que tenta conversar com a nova geração, conectando o clima nostálgico com a criança que existe em cada personagem. E com isso, o filme falha gravemente. Os personagens principais não convencem como nerds, principalmente Sandler e o divertido Kevin James, que por sua vez, tem um papel-sátira interessante, mas não o exerce com competência.
O maior acerto de Pixels vem com a escalação do digníssimo Peter Dinklage (o Tyrion Lannister, um dos maiores personagens já feitos na cultura popular) e é com ele a maior conversa com as duas gerações. Chris Columbus conhece o potencial popular do ator e soube apresentá-lo com maestria no início do segundo ato. O carisma do astro é somado à expectativa criada pela espera de sua aparição, em uma momento diva hilário.
Vale destacar também a forma como os personagens principais lidam com a invasão. O momento em que o filme se conecta com o passado dos personagens e com a imaginação do público é quando usam das estratégias que aprenderam com os próprios games, para combater a ameaça. Uma boa e inovadora idéia.
O filme cumpre a proposta de fazer rir em certos momentos, mas se destaca mais pelas inúmeras referências à cultura popular. Adam Sandler, mais uma vez, não soube explorar seu verdadeiro talento como ator, mesmo que não tenha comprometido o filme por sua atuação. Os maiores problemas de Pixels são devido à fórmula, previsibilidade e um terceiro ato que ultrapassa o absurdo proposto pelo filme desde a sua divulgação, deixando, inclusive, o ótimo personagem de Peter Dinklage de lado para dar mais espaço aos menos interessantes.
Nota: 6.0