Crítica | Homem Formiga - A Marvel acerta seu tiro no escuro novamente?
O incontestável sucesso da Marvel e de filmes de super herói anda revolucionando a indústria cinematográfica e bilheterias mundiais, independente de inovação (ou renovação). Cada filme com a marca da casa das idéias ou com 'Vingadores' ou 'Batman' no nome é garantia de salas cheias.
Porém, a garantia de explosão de bilheteria e sucesso de críticas especializadas (Imdb e Rotten Tomatoes, por exemplo) não se aplica simplesmente à marca quando se trata de um tiro arriscado como Homem-Formiga. É inevitável fazer 2 tipos de comparação do novo lançamento da Marvel com 'Guardiões da Galáxia' (2014). A primeira se aplica justamente ao risco do projeto. Ambas as produções retratam heróis desconhecidos (Guardiões, principalmente) e se beneficiam ao uso do nome do estúdio para apostar no boca a boca em seguida. Não que eu garanta o mesmo sucesso do filme de Peyton Reed ao de James Gunn, mas a fórmula é, no mínimo, parecida.
O filme mantém a pegada humor com ação proposta pelo estúdio desde Homem de Ferro 1. E é onde o filme se compara (pela segunda vez) à Guardiões. Aqui temos um filme que não se leva a sério, chegando a ter quebra-de-drama com piada. E sim, funciona muito bem! A pegada bem humorada não bate de frente com o peso de um vilão ameaçador, ainda que previsível. A Marvel tem crescido justamente em produções desconhecidas como essa. Os erros em filmes como 'Homem de Ferro 3' e 'Vingadores 2' (não entenda mal, adorei este) são reflexos da possível falta de comprometimento e esforço com um projeto que pode se segurar no caminho já feito pelos antecessores. Homem-Formiga usa como vantagem a sua falta de popularidade, sendo tratado com mais dedicação para conquistar seu público sem se prender a outros nomes.
O filme cumpre bem a ligação com os outros heróis. Basta a citação de Hank Pym (Michael Douglas em uma atuação interessante) 'uma cidade flutuante' para nos situarmos, sem precisar mostrar estragos e consequências de Era de Ultron, afinal, a batalha aconteceu na Europa. É justamente, aliás, em uma referência (leia-se participação especial) que acontece uma das melhores cenas do filme. Vale a pena a surpresa caso não tenha visto todos os trailers.
Homem Fomirga é o filme mais diferente da Marvel, trazendo uma nova dinâmica com a perspectiva do herói título (Paul Rudd em uma ótima atuação, provando que vai se destacar quando aparecer em algum filme de equipe). As cenas em que diminuimos junto dele são incansáveis, usadas na medida certa, sem flopar, nos deixando com ainda mais vontade de assistir aquilo. Impossível não imaginar e se empolgar com essa nova dinâmica quando Scott Lang entrar para o time dos heróis mais poderosos da Terra.
Vale destacar o ótimo Michael Peña, entregando as cenas mais hilárias do filme. Um personagem que deveria ser terciário, mas rouba todas as cenas em que aparece, nos deixando com mais vontade de vê-lo futuramente. Talvez seja Peyton Reed quem menos se destaca dos principais nomes da produção. O diretor não possui, ainda, uma assinatura própria. Isso atrapalha? De jeito nenhum, mas o estilo próprio de direção é algo sempre bom de se ver. É aqui onde Edgar Wright teria se destacado mais (não necessariamente uma direção melhor).
Homem-Formiga é um ótimo filme, com início (o herói nunca foi citado em outros filmes), meio e fim. Uma produção fechada, mas que soube nos deixar com água na boca com ganchos sutis para o futuro. Sendo assim, o longa tem duas das melhores cenas pós-créditos da Marvel. Vale a pena conferir e reagir no cinema!
NOTA: 8.0